A iniciação científica realizada por alunos durante a graduação é desenvolvida sob a orientação de professores orientadores qualificados e com experiência reconhecida em produção de conhecimento científico, com o objetivo principal de despertar a vocação científica e incentivar talentos entre os estudantes de graduação. Os alunos que realizam a iniciação científica têm a oportunidade de aprender técnicas e métodos de pesquisa, estimular e desenvolver o pensamento crítico e científico e despertar a criatividade gerada pelo confronto com os problemas de pesquisa. Além disso, a iniciação científica prepara esses estudantes para a Pós-Graduação.

A participação de alunos de graduação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em projetos de pesquisa pode ser financiada pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), da Pró-Reitoria de Pesquisa (PRPq) da UFMG, patrocinado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).  Os alunos podem também realizar a iniciação científica voluntária, vinculados ao Programa de Iniciação Científica Voluntária do PRPq UFMG.

De acordo com a Profa. Dra. Cristiane Bendo, professora da área de Odontopediatria, atualmente coordenadora do Núcleo de Assessoramento à Pesquisa (NAPq) da Faculdade de Odontologia (FAO) da UFMG e que também foi aluna de iniciação científica da Odontopediatra FAO UFMG entre 2002 e 2004 “considerando-se as iniciações científicas realizadas no ano de 2019, nos quatro departamentos da FAO UFMG, podemos contabilizar 170 alunos de iniciação científica, bolsistas e voluntários, registrados no PRPq pelos professores orientadores. Destes, 40 alunos (24%) estão conduzindo suas pesquisas orientados pelos nossos 17 professores da Odontopediatria, sendo que metade deles recebe bolsas de iniciação científica.”

A Profa. Cristiane também relata que “os alunos que fazem suas pesquisas na Odontopediatria trabalham com diversas temáticas acerca da saúde bucal de criança, adolescentes, e até mesmo com a saúde dos nossos estudantes de graduação em Odontologia. Dentre estas temáticas, podemos destacar estudos com a saúde bucal de bebês prematuros, performance mastigatória de crianças, alfabetismo funcional dos pais e sua influência na saúde bucal de seus filhos, assim como cuidados de saúde bucal entre filhos de mães surdas, abuso físico infantil e atitudes de profissionais de saúde que prestam cuidados a crianças, consumo de álcool entre adolescentes e qualidade de vida relacionada a saúde bucal das crianças e adolescentes. Além disso, pesquisas sobre o bruxismo do sono e a auto-percepção sobre o grau de felicidade dos nossos alunos de graduação da FAO UFMG estão sendo conduzidas na iniciação científica na Odontopediatria”.

Em conversa com algumas alunas bolsistas que fazem suas iniciações científicas na Odontopediatria, foi relatada a importância da iniciação cientifica na formação acadêmica, além da importância da pesquisa para a sociedade. Segundo Ana Katarina Silva Ribeiro (9º período), que estuda bruxismo do sono e de vigília, orientada pela Profa. Dra. Isabela Pordeus “Como graduanda, a iniciação científica me possibilita uma primeira experiência com a pesquisa e produção acadêmica, além de me proporcionar uma imersão que a grade convencional do curso não me ofereceria em uma área de estudo que muito me interessa. Além disso, a pesquisa tem um papel fundamental para o desenvolvimento socioeconômico, cultural e político do nosso país, por possibilitar o conhecimento e a solução de questões que envolvem saúde, a própria educação, a cultura, economia, política e diversos outros âmbitos que nos permeiam.”

De acordo com Marcella Souza (9º período), orientada pela Profa. Dra. Miriam Pimenta Vale, “a iniciação científica é uma grande oportunidade na graduação, que agrega conhecimento e ajuda a desenvolver trabalhos fora da grade obrigatória. É um importante instrumento na minha formação acadêmica, pois permite aprofundar o conhecimento em pesquisa cientifica, desenvolver novas habilidades e trabalhar numa área que me interessa muito.” O projeto de pesquisa que Marcella desenvolve é acerca do impacto das condições bucais na qualidade de vida das crianças de 8 a 10 anos de idade.

Já a acadêmica do 6º período Katia Kely Braganca de Souza, que faz iniciação científica desde o 4º período do curso, sob orientação da Profa. Dra. Patrícia Maria Zarzar informou que teve a oportunidade de trabalhar em várias temáticas de pesquisa da sua orientadora, como traumatismos dentários na dentição decídua, consumo de álcool entre adolescentes e abuso físico infantil. Atualmente, Kátia colabora com uma doutoranda na pesquisa sobre o consumo de álcool entre adolescentes, e participou da coleta de dados em escolas municipais de Belo Horizonte. Kátia relata que “esta troca de conhecimento com alunos de pós-graduação é ótima, e eu aprendo muito. Além disso, a pesquisa me permite conhecer e trabalhar com situações reais, e pesquisar intervenções que podem ser feitas através do entendimento das várias questões que perpassam o consumo de álcool e suas consequências. E fazer pesquisa é isso, pois eu sinto que estou devolvendo algo importante à sociedade.”

Marina Line Ribeiro, também aluna do 6º período, orientada pela Profa. Dra. Cristiane Bendo, estuda a epidemiologia das principais alterações bucais na primeira infância e seu impacto qualidade de vida. A acadêmica teve a oportunidade de participar da coleta de dados juntamente com duas mestrandas em Odontopediatria e relata que “a iniciação me trouxe a oportunidade de ver como a teoria que a gente vê e aprende na sala de aula é construída. E me deu a oportunidade de participar dessa construção. Além da teoria, eu acho isso de grande valor no atendimento clínico também, porque a prática baseada em evidências possibilita a tomada de boas decisões clínicas.”

Além de todos os trabalhos de iniciação cientifica que já são desenvolvidos atualmente na Odontopediatria, de acordo com o edital PIBIC/CNPq 04/2019, das 24 bolsas de iniciação científica captadas por professores da FAO UFMG, 10 delas foram conquistadas pelos professores da Odontopediatria, o que demonstra o grande envolvimento e compromisso da nossa área com a formação dos nossos estudantes e com o desenvolvimento do nosso país.

A disciplina Atendimento Odontológico aos Bebês teve seu início no ano de 2006 sob a coordenação da Profa. Dra. Fernanda Bartolomeo e tem como objetivo o atendimento odontológico de bebês entre 0 e 3 anos de idade, tanto no âmbito preventivo quanto curativo. A clínica atende pacientes encaminhados pelo SUS e funciona todas as segundas-feiras das 08 às 12h, na Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais (FAO UFMG).
Somente neste ano, até a presente data (maio de 2019), já foram atendidos 61 pacientes na clínica. Os atendimentos realizados são gratuitos.

A disciplina Atendimento Odontológico aos Bebês não é parte da grade curricular de matérias obrigatórias do curso de Odontologia e a complexidade do atendimento para os alunos de graduação é maior devido ao aspecto comportamental da criança relacionada à idade apresentada. É extremamente positivo para os alunos que possuem afinidade com a área da Odontopediatria ter a oportunidade de vivenciar este contato em uma disciplina optativa durante a graduação e poder entender a importância deste atendimento e a melhor maneira de realizá-lo. A aluna de graduação e monitora da disciplina Juliana Freire relatou que “A disciplina abriu meu campo de visão e acrescentou muito em minha formação, tanto em questões de atendimentos e procedimentos quanto em questão da importância de se realizar consultas desde o início da vida valorizando a prevenção e as orientações ao invés de esperar o aparecimento da doença cárie para só então realizar o tratamento”.

O atendimento prestado é de suma importância para a comunidade externa, pois permite o acesso às informações e ao tratamento a partir do primeiro ano de vida da criança, além de permitir a orientação em todas as fases, sendo adaptada e alterada de acordo com o desenvolvimento da criança, com o objetivo de prevenir doenças e/ou alterações ou diagnosticá-las precocemente.

A Clínica de bebês fornece auxílio e acompanhamento às famílias e permite um melhor cuidado com seus bebês, criando oportunidade para que os mesmos possam crescer saudáveis e com o acompanhamento odontológico necessário. Por ser um atendimento complexo e poucos serviços o realizarem, a clínica representa um grande diferencial para a comunidade, sendo um fator muito positivo para a saúde dessas crianças, além de contribuir para a diminuição do índice de cárie e doenças bucais na população: a prevenção e educação desde o início da vida é a chave para alcançar este objetivo.

Segundo a Profa. Fernanda Bartolomeo, “O que atualmente muitos não sabem, é que a primeira consulta deve ser realizada antes mesmo de nascerem os primeiros dentes. Esta fase é considerada uma janela de oportunidade para a formação de bons hábitos alimentares e de higiene dentre outros, que são mais fáceis de manter durante toda a vida. Isto reflete não só na saúde bucal, mas também na saúde geral da criança. Além disso, crescendo sem cárie, a criança passa a gostar de ir ao dentista, o que contribui para a diminuição do medo e ansiedade durante o atendimento odontológico”.

 

O primeiro encontro de inauguração do “Ciclo de Estudos em Odontopediatria” ocorreu no dia 14.03.2019, teve início às 18:30 e foi conduzido pelo professor do Departamento de Odontopediatria e Ortodontia da Faculdade de Odontologia da UFMG Prof. Dr. Saul Martins Paiva. O tema abordado foi “Cárie dentária da infância: para além do óbvio” por meio de uma aula expositiva dialogada, envolvendo a participação dos diferentes perfis de alunos e odontopediatras. Este primeiro encontro contou com a participação de 110 inscritos, sendo as vagas esgotadas ainda na semana anterior ao encontro. Neste encontro, incentivou-se ainda a participação de todos na escolha dos temas a serem abordados no Ciclo de Estudos, visando a identificação de interesses comuns e potencialidades para a efetiva construção compartilhada do conhecimento.

O projeto “Ciclo de Estudos em Odontopediatria” foi criado por professores da Odontopediatria da Faculdade de Odontologia da UFMG, em parceria com a Associação Brasileira de Odontopediatria – Seção Minas Gerais (ABOPED-MG), e é coordenado pelos Professores Doutores Cristiane Baccin Bendo, Saul Martins Paiva e Paulo Antônio Martins-Júnior. Este projeto tem como objetivo reunir diferentes perfis de formação acadêmica e vivência clínica, contando com a participação de alunos de graduação, alunos de pós-graduação e Odontopediatras associados à ABOPED-MG. Esta proposta de reunião com diferentes acadêmicos e profissionais da Odontopediatria em um mesmo ambiente pedagógico permitirá que experiências e vivencias sejam compartilhadas e que todos sejam sujeitos ativos do processo ensino-aprendizagem. O projeto contará com dois encontros por semestre, e se desenvolverá por meio de diversas metodologias ativas de ensino.

A Sociedade Norte-Nordeste de Pesquisa Odontológica (SNNpO), realizou a XX Reunião Anual da SNNPqO entre os dias 22 e 24 de novembro de 2018 em Recife-PE. O evento é a versão Norte-Nordeste da Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica (SBPQO) e este ano o tema escolhido foi “A Indissociabilidade Ensino-Pesquisa-Extensão na Consolidação das Ciências Odontológicas”.

Durante a reunião, vários renomados professores do cenário de pesquisa científica nacional e internacional realizaram palestras e mesas redondas envolvendo os mais diversos âmbitos da Odontologia. Dentre eles, participaram alguns professores do Departamento de Odontopediatria e Ortodontia (OPO) da UFMG. A Professora Doutora Júnia Maria Cheib Serra-Negra realizou a palestra de abertura com o tema “Bruxismo em crianças: quebrando paradigmas”. Dando continuidade ao 1º dia do evento, a Professora Doutora Isabela Almeida Pordeus ministrou a palestra “A internacionalização dos programas de pós-graduação em Odontologia”. Já no último dia, o Professor Doutor Saul Martins de Paiva fez o fechamento da reunião com o tema “Indicadores subjetivos na pesquisa odontológica: escolha, validação e interpretação de questionários”.

 

 

No decorrer do evento, houve ainda a apresentação de trabalhos científicos nas categorias de pôster  científico e apresentação oral. Participaram do evento as alunas de Mestrado, Doutorado e Pós-Doutorado da Faculdade de Odontologia da UFMG (FO-UFMG), Heloisa Vieira Prado, Flavia Rabello, Natália Cristina Ruy Carneiro e Clarissa Lopes Drumond que apresentaram trabalhos em ambas as modalidades.

Durante o encerramento da reunião, foram selecionados os melhores trabalhos para a premiação. A pós-doutoranda Clarissa Lopes Drumond ganhou menção honrosa com a apresentação oral do trabalho  intitulado “Estresse Infantil aumenta a chance de Bruxismo do sono?”. O trabalho é um dos frutos da sua tese de Doutorado realizado sob orientação da Professora Doutora Júnia Maria Cheib Serra-Negra e co-orientação do Professor Doutor Saul Martins de Paiva.  Destaca-se ainda a participação na co-autoria do trabalho de outros professores do OPO como a Professora Doutora Raquel Gonçalves Vieira de Andrade e a Professora Doutora Joana Ramos-Jorge, além da Professora Doutora Maria Letícia Ramos-Jorge da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e da Professora Doutora Federica Provine da Universitá de Bologna na Itália onde Clarissa fez o doutorado sanduíche. Segundo Clarissa, “Ter o trabalho de tese de Doutorado reconhecido durante este evento de grande magnitude no cenário nacional brasileiro é uma grande honra para todos nós autores, já que foi fruto de muita dedicação. Além disso, ressalta que a parceria que temos feito na UFMG com outras universidades nacionais e internacionais tem fortalecido cada vez mais nossas pesquisas e o nosso Programa de Pós-graduação em Odontologia que atualmente possui a nota 7, nota máxima pela avaliação da Capes”.