Um artigo científico recém-publicado por pesquisadores da Faculdade de Odontologia e do Departamento de Psicologia da UFMG demonstrou que crianças que ouvem música quando submetidas a tratamento odontológico podem ficar menos ansiosas. E esse efeito é ainda mais intenso quando se trata de crianças tímidas.

Grande parte da pesquisa foi realizada durante o Mestrado de Marcela de Oliveira Brant, que teve orientação da professora do Departamento de Odontopediatria e Ortodontia Júnia Maria Cheib Serra-Negra e defendeu sua Dissertação em 2016, no Programa de Pós-graduação em Odontologia, na área de Odontopediatria.

Marcela Brant durante atendimento odontopediátrico no desenvolvimento do seu Mestrado: música faz relaxar e ajuda no tratamento.

A Professora Doutora Júnia Maria Cheib Serra-Negra foi a orientadora da Pesquisa Científica.

O aspecto inédito do trabalho foi o uso de biomarcador para medição de ansiedade: as crianças tiveram frequência cardíaca aferida por um oxímetro de dedo em três momentos diferentes de cada consulta. Uma criança ansiosa tende a ter acelerados seus batimentos.

Marcela atendeu 34 crianças de quatro a seis anos de idade, das cidades mineiras de Brumadinho e Confins, que nunca tinham sentado numa cadeira de dentista. Os procedimentos foram realizados com e sem audição da Sinfonia nº 40, de W.A. Mozart, por fone de ouvido.

Paralelamente, uma equipe da Fafich, coordenada pela professora Carmen Flores-Mendoza, mediu traços da personalidade das crianças. Era preciso conhecer, por exemplo, as reações de cada um dos pacientes a ambientes estranhos. A conclusão foi a de que as crianças classificadas como menos extrovertidas se beneficiaram de forma mais significativa, relativamente, quando submetidas a tratamento odontológico ouvindo a sinfonia de Mozart. A música foi capaz de tranquilizá-las.

“A música é um recurso simples e barato, que pode gerar benefícios enormes para o tratamento odontopediátrico”, diz Júnia Serra-Negra, lembrando que a literatura informa sobre a importância das técnicas de distração, como a música e o vídeo, para o sucesso de diversos tipos de tratamento de saúde, mas os estudos ainda são escassos na áreas da odontologia.

Leia mais sobre a pesquisa em reportagem do Boletim UFMG. O texto aborda a parte apresentada na defesa da dissertação, que não inclui os resultados da avaliação psicológica.

A TV UFMG também produziu um vídeo sobre o estudo: